Animais
MamíferosMustela nivalis (Linnaeus, 1766)


Nome vulgar:
Doninha

Família:
Mustelidae

Origem e distribuição:
A doninha encontra-se amplamente distribuída no hemisfério norte. Ocorre no norte de África (Magrebe), na América do Norte (Alasca, Canadá até ao norte e centro dos Estados Unidos), na Ásia (regiões central e setentrional, abrangendo desde a Ásia Menor, a China central, os Himalaias e o norte do Irão). Na Europa é encontrada em quase todo o continente, com exceção da Irlanda e Islândia. A espécie foi também introduzida nos Açores. Na Península Ibérica, a sua distribuição é desigual, sendo menos comum no terço oriental, na região de Leão e nas Ilhas Baleares.

Presença na Universidade de Aveiro:
A presença de doninha na Universidade de Aveiro foi registada no âmbito de um trabalho realizado em 2009 nas salinas de Aveiro, uma das quais pertencente ao Campus da Universidade. Contudo, os avistamentos desta espécie têm-se tornado cada vez mais raros, o que pode significar falta de trabalhos de investigação mais atuais publicados, ou a ocorrência de um declínio silencioso das populações.

Descrição:
A doninha é o carnívoro mais pequeno da fauna ibérica, com um comprimento cabeça-cauda que varia entre 20 e 34 cm (cauda curta de 4 a 9 cm). O dimorfismo sexual nesta espécie está associado à diferença de tamanhos, sendo os machos 10 a 20% maiores que as fêmeas, pesando entre 90 e 223g, enquanto as fêmeas pesam de 50 a 80g. A sua fisionomia assemelha-se à de um grande rato, porém é mais alongada. Apresenta patas curtas e uma pelagem castanho-avermelhada no dorso e branca na região ventral. As populações de regiões com distribuição mais a norte (circumpolares) apresentam pelagem totalmente branca no inverno, enquanto na península ibérica mantém a pelagem acastanhada.

Indícios de presença:
Os vestígios de doninha são de difícil deteção devido às pequenas dimensões corporais e ao peso reduzido, o que torna os sinais deixados no ambiente menos percetíveis. As pegadas, de tamanho diminuto, podem ser facilmente confundidas com as de ratazana, enquanto os excrementos, que são o indício mais comum, apresentam uma coloração negra, são finos e enrolados, com aproximadamente 0,5 cm de largura e cerca de 3 cm de comprimento, sendo o conteúdo maioritariamente constituído por pelos e ossos. A doninha pode também ser avistada por breves instantes na sua postura característica, erguida sobre os membros posteriores enquanto observa o ambiente ao redor.

Habitat e ecologia:
Os biótopos ocupados por este pequeno carnívoro são diversos, sendo normalmente escolhidos com base na disponibilidade de abrigo e de presas, principalmente micromamíferos. Pode ser encontrado em zonas de floresta, matagal, pastagens, zonas húmidas, bosques abertos, campos agrícolas, regiões costeiras ou bosques/matas criadas pelo Homem.

Dieta:
A dieta de Mustela nivalis depende quase exclusivamente de pequenos roedores, de tal forma que, em anos em que ocorre um aumento significativo nas populações de roedores, as populações de doninhas também aumentam. Alimenta-se preferencialmente de rato-do-campo (Apodemus sylvaticus) (60 a 80% da dieta), rato-cego (Microtus lusitanicus), rata-de-água (Arvicola sapidus), rato-caseiro (Mus musculus), entre outras espécies. É ainda capaz de invadir as tocas e ninhos dos roedores, aproveitando-se da sua reduzida dimensão. Durante a estação quente, pode complementar a dieta com aves e ovos (por vezes crias), necessitando de ingerir mais de 30% do seu peso em alimento diário para se manter saudável. Pode também consumir anfíbios, lagartos, insetos, peixes ou carcaças de animais.

Reprodução:
A época de reprodução da doninha pode ocorrer durante todo o ano, no entanto, concentra-se entre as estações da primavera e do verão. A abundância de presas constitui um papel importante no número de ninhadas anual. Num ano com condições de abundância, as doninhas podem criar entre abril-maio e novamente em julho-agosto. As fêmeas nascidas na primeira ninhada (abril-maio) podem reproduzir-se logo no outono desse mesmo ano. O período de gestação varia entre 34 e 37 dias, e as ninhadas têm em média 5 crias (máximo 10). O parto ocorre em ninhos situados em fendas de paredes, troncos ou cavernas naturais, e as crias nascem com 1 a 2g, cegas e sem pelo. Ficam dependentes dos cuidados da progenitora 2 a 3 meses e atingem a maturidade sexual entre os 3 e os 4 meses.

Organização social:
Tal como a generalidade dos carnívoros, as doninhas são solitárias. Os adultos não estabelecem relações de casal, a não ser na época de reprodução, na qual o macho se aventura para lá do seu território na busca de fêmeas disponíveis. O macho não tem qualquer papel parental e a relação fêmea-crias cinge-se ao período de aleitamento. Os territórios dos machos são de maior extensão que o das fêmeas, sobrepondo-se muitas vezes aos seus territórios, mas não se sobrepondo ao de outros machos.

Comportamento:
São ativas durante o dia e a noite, com períodos alternados de descanso. Os picos de atividade ao longo do dia variam de acordo com os padrões de atividade das presas. São animais terrestres, com os sentidos da visão, audição e olfato bastante apurados, sendo também hábeis trepadores.

Longevidade:
Na natureza vivem menos de 3 anos, embora potencialmente sejam capazes de viver bastante mais, existem exemplares que alcançaram os 10 anos em cativeiro.

Ameaças:
A fragmentação do habitat, a perda de terrenos agrícolas abertos devido à mudança do paradigma da agricultura e o abandono rural, a perseguição e o envenenamento acidental com raticidas constituem as principais ameaças a esta espécie.

Estatuto de ameaça:
Livro Vermelho dos Mamíferos de Portugal Continental – Pouco preocupante IUCN – Pouco preocupante Convenção de Berna – Anexo III ​​​​​​​Tendência populacional - Estável

Curiosidades:
Apresenta uma taxa metabólica bastante elevada, obrigando-a a alimentar-se diariamente com mais de 30% do seu peso em presas. O facto de apresentar um estômago diminuto, faz com que tenha de se alimentar 5 a 10 vezes por dia, sendo capaz de transportar presas com o dobro do seu peso.