Animais
Mamíferos → Apodemus sylvaticus (Linnaeus, 1758)
Nome vulgar:
Rato-do-campo
Família:
Muridae
Origem e distribuição:
Pode ser encontrado em quase toda a Europa Continental, Ilhas Britânicas, Islândia, Escandinávia Meridional e norte de África. Distribui-se por todo Portugal continental.
Presença na Universidade de Aveiro:
Pode ser encontrada em vários locais, como o descampado localizado atrás da nova nave desportiva e nas imediações da Escola Superior de Saúde.
Descrição:
O rato-do-campo é um roedor cuja cabeça é relativamente grande e alongada, com olhos escuros proeminentes e orelhas que se destacam visivelmente do pelo. A cauda bicolor é longa (8 a 12 cm), podendo ser maior ou igual ao comprimento da cabeça em conjunto com o corpo (8 a 11 cm). Os membros posteriores são muito desenvolvidos, o que lhe permite uma rápida deslocação através de saltos. O pelo da região dorsal é amarelo escuro a acastanhado, e com a idade começa a apresentar tonalidades avermelhadas. O ventre é branco, sendo notória uma quebra de cor nos flancos. Pode apresentar no ventre uma mancha com um formato semelhante a uma gravata (tamanho variável), de cor ruiva (fulvo). Os juvenis têm os flancos mais acinzentados.
Indícios de presença:
Os vestígios deixados por esta espécie são de pequenas dimensões e, por isso, difíceis de encontrar. Os excrementos têm, normalmente, 3 a 5 mm de comprimento. Deixa no solo as cascas dos grãos de que se alimenta, tal como a parte carnuda das bagas de roseira, alimentando-se apenas do carpelo. Também deixa marcas nas conchas dos caracóis, já que as abre pelas espirais com os membros anteriores. Armazena alimento em fendas no solo, debaixo de troncos e em ninhos obsoletos de aves. Escava galerias complexas que podem atingir 18 cm de profundidade, onde também armazena comida e onde faz um grande ninho. As pegadas são de pequenas dimensões e apresentam 4 dedos nas patas anteriores e 5 dedos nas posteriores.
Habitat e ecologia:
É uma espécie adaptada a uma grande variedade de habitats, desde florestas, a zonas de estepes, matagais mediterrânicos xerófilos, zonas arbustivas ou até mesmo, em dunas. Prefere ambientes com boa cobertura vegetal, heterogénea e com a presença de pedras. Pode ocupar áreas com influência antropogénica, como parques urbanos e suburbanos, terrenos baldios e edifícios abandonados.
Dieta:
Oportunista, varia a dieta de acordo com a época e a disponibilidade de alimento. Alimenta-se principalmente de grãos e sementes, mas também consome fungos, musgos, bagas, raízes ou bolotas. Na primavera e no verão (principalmente) pode capturar insetos em diferentes estados de desenvolvimento, além de caracóis, aranhas, centopeias, ou minhocas. Estes alimentos podem ser armazenados nas galerias subterrâneas.
Reprodução:
A época de reprodução está dependente de fatores como o clima e a disponibilidade de alimento. Em regiões onde o inverno é mais rigoroso, o aparelho reprodutor inibe a reprodução nesta estação. Contudo, se as condições forem favoráveis, o período reprodutivo pode durar todo o ano sem interrupções. O período de gestação dura cerca de 20 dias e as fêmeas podem ter até 3 ninhadas por ano. Cada ninhada gera 4 a 5 crias com cerca de 2 g, que nascem cegas e desprovidas de pelo. Os juvenis que nascem no início da época reprodutora atingem a maturidade sexual no mesmo ano. Os juvenis mais tardios apenas atingem a maturidade sexual no ano seguinte com 12g no caso das fêmeas e 15g no dos machos.
Organização social:
Na época de reprodução, as fêmeas e os casais reprodutores são territoriais, defendendo os territórios de criação. No período não-reprodutivo, vários indivíduos podem coexistir no mesmo ninho, e os domínios vitais, que podem alcançar os 2,4 ha, sobrepõem-se entre si, demonstrando não haver uma estrutura social rígida.
Comportamento:
Principalmente noturnos, embora possam sair durante o dia, com picos de atividade ao amanhecer e ao pôr-do-sol. São animais muito ágeis e rápidos, deslocando-se através de frenéticos saltos. Em noites de lua cheia, tendem a não sair, provavelmente por estarem mais expostos aos predadores. Os machos são mais ativos do que as fêmeas, saindo mais vezes do ninho e estando mais ativos nos meses mais quentes.
Longevidade:
Vive cerca de 18 meses, raramente ultrapassando os 20 meses de idade. Poucos adultos chegam ao segundo verão. Há uma taxa elevada de mortalidade dos adultos na primavera e dos juvenis na primavera e no verão. São predados por muitas espécies de mamíferos, como a raposa (
Vulpes vulpes), a geneta (
Genetta genetta), aves de rapina e cobras.
Ameaças:
Atualmente, não existem grandes ameaças a esta espécie, no entanto, a poluição por chumbo e agroquímicos constitui um importante fator de impacto ambiental desfavorável para as populações do rato-do-campo.
Estatuto de ameaça:
Livro Vermelho dos Mamíferos de Portugal Continental – Pouco preocupante
IUCN – Pouco preocupante
Tendência populacional – Estável
Curiosidades:
Devido à dieta rica em sementes, o rato-do-campo é um importante dispersor destas estruturas, favorecendo a regeneração natural de habitats.